21 abril, 2009



Uma vaga de vandalismo, intimidação e fogo posto a correr a Europa continental em 2008 é a prova de uma preocupante nova vaga de activistas dos direitos dos animais extremistas que estão a ser exportados de Inglaterra, dizem os peritos.


No início de Janeiro, ameaças levaram um investidor holandês a retirar-se de um novo parque de investigação biomédica que custou € 60 milhões em Venray, Holanda. Um mês depois, o Instituto de Investigação Biomédica da Universidade de Hasselt em Diepenbeek, Bélgica, foi incendiado e em Barcelona (como se vê na imagem acima), o alvo dos vândalos foram os escritórios da firma de investigação biomédica Novartis.


O padrão "é muito claro", de acordo com Simon Festing, director da Research Defence Society, um grupo sediado em Londres que representa os investigadores médicos. Festing diz que acredita que as novas leis inglesas, mais restritivas, levaram muitos extremistas a deslocar as suas actividades para o outro lado do Canal. “Os activistas não têm a vida facilitada lá, logo estão a deslocar-se para a Europa."


Ao longo do ano passado, o Reino Unido caiu sobre os activistas dos direitos dos animais que violam a lei. Em Maio passado, a polícia levou a cabo a operação Aquiles, que levou à detenção de 16 activistas. O julgamento deve ter início ainda este ano.


Nem a Interpol nem a Europol, que coordena as actividades policiais europeias, têm estatísticas sólidas sobre estes actos extremistas mas as evidências sugerem que as leis mais fortes em Inglaterra levaram a um aumento destas actividades no continente. “Já vem de há muitos anos mas está a piorar", diz Robert Janssen, o director da associação da industria de biotecnologia holandesa NIABA de Leidschendam. Janssen estima que os investigadores holandeses e suas instituições tenham recebido mais de 200 ameaças no ano passado.


Tudo isto tem sido um grande choque para a comunidade científica. "Nunca tínhamos tido problemas", diz Piet Stinissen, director do Instituto de Investigação Biomédica da Universidade de Hasselt. A 1 de Fevereiro o instituto foi incendiado, causando € 100 mil em prejuízos. Acredita-se que o fogo foi provocado pela Animal Liberation Front, um grupo extremista de defesa dos direitos dos animais. Stinissen, que está na Universidade desde 1994, diz que não se consegue lembrar de um único caso anterior de extremismo.
Andrew Jackson, director da segurança da Novartis em Basileia, Suíça, diz que a industria também tem vindo a ser afectada. A 9 de Fevereiro, os escritórios da Novartis em Barcelona foram vandalizados durante um protesto e Jackson acredita que tem havido um aumento global tanto nas manifestações legais como nos actos ilícitos.

“Tivemos que aumentar a segurança de algumas das nossas instalações europeias", diz ele. A Novartis diz que fora dos Estados Unidos e do Reino Unido os incidentes aumentaram perto de 50% no ano passado, atingindo os 97 casos. Este ano, até agora, já ocorreram mais 15.


Jackson acredita que os protestos e os actos criminosos estão a ser alimentados por activistas ingleses que se deslocam aos locais. “Há uma percepção de que a lei da União Europeia é algo mole." Jackson refere que já notou a correlação entre os voos de baixo custo disponíveis para Basileia e as actividades extremistas. “Torna um fim de semana mais animado", diz ele tristemente.


Mas nem todos concordam que o desmembramento do activismo radical em Inglaterra esteja por trás deste aumento de actividade no resto da Europa. Os activistas realmenteo vão ao estrangeiro, por vezes", diz Amanda Richards, porta-voz da SPEAK, um grupo de activistas dos direitos dos animais sediado em Northampton, Reino Unido, que tem conduzido uma campanha contra o laboratório de primatas da Universidade de Oxford.


Ela acredita que a subida de incidentes na Europa se deve, principalmente, ao aumento da consciência sobre o tema no continente. “São principalmente as pessoas desses países." A SPEAK foi contactada por diversos grupos e indivíduos na Europa que pretendem organizar eventos contra os testes em animais, acrescenta ela.


Janssen diz que, pelo menos na Holanda, o governo parece estar a tomar o activismo extremista dos direitos dos animais mais a sério. A 12 de Fevereiro, o parlamento holandês aprovou uma moção de apoio aos testes em animais e condenando os actos extremistas. Janssen espera que a moção seja seguida por leis e policiamento mais rigorosos.




Obs: Seria eu capaz de ser um destes "terroristas"? Penso que sim... afinal, é um tipo de "terrorismo" que não tira a vida a ninguém, pelo contrário, ajuda a salvar...


"Tome partido. Neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. Silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado" – Elie Wiesel