Em Portugal e no resto do mundo, a população de animais de companhia, nomeadamente de cães e de gatos, cresce dia após dia. E o problema não se resume somente aos animais que já estão nas ruas. Este aumento é determinado não só pela reprodução descontrolada dos animais de rua, mas também pelo acasalamento indesejado dos animais ao cuidado de alguém. São muitas as ninhadas que são abandonadas no meio de algures e nenhures, sendo que os filhotes que sobreviverem irão gerar mais e mais animais que terão um destino incerto. Muitas são as pessoas que permitem que os seus animais andem soltos, não tendo nenhum controlo sobre os acasalamentos. E a história repete-se vezes sem conta: gestação indesejada, ninhada abandonada, mais cães e gatos nas ruas...
Infelizmente, nem todos aqueles que nascem conseguem um bom lar. São muitos mais os animais que nascem do que os lares que existem para eles. Por esse motivo, milhares de animais são sacrificados todos os anos em canis e gatis municipais, simplesmente porque ninguém os quer. A grande maioria dos animais que são mortos não são idosos, não estão feridos, não estão doentes nem são anti-sociais. Muito pelo contrário, são jovens, bonitos, sociáveis, amigáveis e brincalhões. Vale frisar que isto não ocorre apenas com animais sem raça definida. Cada vez mais são também abandonados e entregues em abrigos/canis/gatis animais de raça definida, às vezes até com pedigree.
Outro lado desta negra realidade são os animais que morrem todos os anos devido a abandono, negligência, abuso, atropelamento, frio, maus-tratos, fome ou crueldade. Não existem dados sobre o número de animais, mas todos sabemos que é demasiado elevado.
O problema da superpopulação é um problema real e cada vez mais grave. Segundo a WSPA (Sociedade Mundial Para a Protecção dos Animais), uma única cadela, com uma vida reprodutiva de 6 anos, poderá dar origem a 6.000 descendentes, enquanto uma gata em apenas 2 anos poderá deixar 2.000 descendentes. Segundo estudos realizados nos EUA, 30 a 60% dos gatos não esterilizados tornam-se gatos de rua. São números realmente assustadores, desconhecidos da maioria das pessoas. Actualmente, a “solução” para este problema continua a ser o sacrifício sistemático e indiscriminado dos animais de rua. Contudo, não podemos mais continuar a tolerar a redução da população canina e felina com a captura e eutanásia dos animais. Este procedimento é, no mínimo, ineficaz.
Não seria mais humano e racional evitar o nascimento de tantos animais? A solução alternativa é simples: se as pessoas que desejam compartilhar a sua vida com um animal de companhia esterilizassem os seus animais e adoptassem animais dos abrigos/canis/gatis, a superpopulação de animais diminuiria e, um dia, cessaria. A criação e a reprodução de animais com fins lucrativos diminuiriam e cessariam também, à medida que a procura dos consumidores fosse diminuindo.
A esterilização é a solução mais eficiente para diminuir o número de animais abandonados. A esterilização dos animais de companhia ajuda a evitar o nascimento de animais indefesos que não encontrarão um lar ou que acabarão por morrer depois de muita dor e sofrimento.