01 junho, 2008

Afinal, as touradas existem pelo dinheiro...


Parece que afinal as touradas existem é pelo dinheiro.A comprová-lo está o facto das associações tauromáquicas, que como norma não reagem às manifestações "anti-tourada" (leia-se "pelostouros"), terem começado a reagir fortemente apenas quando ocorreurecentemente o cancelamento do patrocínio de várias empresas/marcas aeventos tauromáquicos (Caixa Geral Dep, Ben & Jerry, Super Bock).


É agora mais claro do que nunca quais são os objectivos da tauromaquia. Não é o de manter a tradição portuguesa (apesar de muitas tradições cruéis e não éticas já terem acabado), nem a celebração de uma arte (apesar do sofrimento e morte do touro ser um factor bem mais relevante que uma expressão artística), nem dar uma festa ao povo (que não está nem nunca esteve limitado às touradas para poder socializar),nem "manter" o touro bravo (que é uma argumento biologicamente falacioso, já que o touro bravo foi seleccionado artificialmente e por isso não tem qualquer relevância ou papel num ecossistema natural, ao contrário de um panda ou lince ibérico, por exemplo).E estas associações tauromáquicas já se começaram a mexer. Por exemplo, a Associação Nacional de Forcados deixa-nos uma pérola no seu site:"Não vamos ameaçar boicotes, vamos sim, manifestar junto dessasempresas que, pelo facto de terem cedido a este tipo de pressão, vamosponderar seriamente em adquiri os seus produtos e/ou serviços, trocado estes por outras marcas alternativas e que apoiam a tauromaquia ou as actividades a ela ligadas."(
http://angfportugal.org/noticias_detail.php?aID=57)

Resta saber o que é que os aficionados entendem por "boicote". Diz o dicionário que um boicote é "não comprar, propositadamente,
mercadorias de certa origem". "Ameaçar" significa "manifestar intençãode fazer mal" ou "estar iminente".Mas eles clarificam que não vão ameaçar boicote aos produtos. Vão sim manifestar às empresas que vão ponderar seriamente não comprar osprodutos. Sobre isto estamos esclarecidos!Deixando de lado a forma e passando ao conteúdo, deixo alguns dados sobre o dinheiro envolvido neste tipo de eventos:

- Os toureiros recebem em média cerca de 10.000 euros por corrida(SIC, Reportagem “Vermelho e Negro”Junho 2003).- No total são vendidos 2600 touros (para Portugal, Espanha e França) pelas ganadarias portuguesas por ano, com lucro de 2000 euros poranimal (DN, Julho 2007).


Numa altura em que os lucros dos ganadeiros e dos toureiros são astronómicos e é raro as praças de touros estarem cheias, este tipo deeventos apenas subsiste pelos patrocínios que vai conseguindo e pelosapoios financeiros das Câmaras Municipais directamente para as festasou para grupos de forcados e escolas de toureiros. São estes os pilares de suporte deste negócio manchado do sanguedaqueles que eles dizem "gostar" e "proteger". Não é o apoio massivo do povo. Esse já percebeu há muito que nenhuma tradição justifica o desespero do touro quando este se asfixia no seu próprio sangue. Que nada justifica uma festa em torno da provocação ecrueldade a um animal.A comprová-lo está uma sondagens de opinião de 2007 que mostra que a maioria absoluta dos portugueses são efectivamente pelo fim das touradas.A comprová-lo está também o cada vez maior desespero dos empresários tauromáquicos ao oferecer bilhetes e fazer descontos "generosos" aosmais assíduos.Ao movimento pelos direitos dos animais cabe continuar o seu trabalhopela sensibilização e formação esclarecida e aberta de todos, pela criação de pontes e diálogo entre associações, pela promoção dasalternativas à exploração animal e pelo respeito por todos os animais.

Acção Animal